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Explorando as Plantas alucinogenas: Uma introdução

Saúde e bem-estar

Explorando as Plantas alucinogenas: Uma introdução

esfitz
Escrito por esfitz em 01/04/2024

DISTINÇÃO ENTRE PLANTAS PSICOATIVAS E ALUCINÓGENAS

Na literatura científica, muitas vezes usam a expressão “plantas psicoativas” como sinônimo de “plantas alucinógenas”.

No entanto, é importante distinguir esses termos. Embora as plantas alucinógenas alteram o funcionamento do sistema nervoso central, nem todas as plantas psicoativas causam alucinações.

Mas, afinal, o que são alucinações?

Alucinações são percepções individuais de algo que não está realmente presente, podendo ser tão vívidas quanto a realidade para quem as vivencia.

Além disso, pode ocorrer em condições médicas ou induzidas por alguma substância alucinógena.

Quando associadas a condições médicas, muitas vezes são chamadas de “psicoses” ou de “quadros psicóticos”. Um exemplo é a esquizofrenia, caracterizada pela presença constante de alucinações.

O CONCEITO DE ALUCINAÇÕES E SUA SIGNIFICANCIA

Conforme mencionado, o uso de substâncias alucinógenas pode induzir alucinações em indivíduos saudáveis.

Essas substâncias alteram percepções, tempo e pensamento de maneira similar às condições médicas psicóticas.

As substâncias alucinógenas podem ser naturalmente produzidas por:

  • fungos,
  • plantas,
  • animais ou
  • sintetizadas artificialmente em laboratório.

O estudo das plantas produtoras de alucinógenos aumentou consideravelmente recentemente devido a diversos motivos:

  • Representam uma “porta de entrada” para compreender os processos mentais,
  • têm potencial terapêutico e podem fornecer compostos bio-ativos que poderiam atuar como medicamentos;
  • também refletem importantes relações sociais e culturais em comunidades que as utilizam, indo além de meros benefícios utilitários.

PLANTAS ALUCINÓGENAS: UMA PERSPECTIVA EVOLUTIVA

Desde os primódios da história descobriram que certas espécies vegetais podiam alterar a percepção da mente e continuam utilizando até os dias de hoje.

Isso levanta questões intrigantes:

  • Por que as plantas alucinógenas foram cruciais ao longo do tempo?
  • Há razões evolutivas para seu uso apesar dos riscos?

Diversas hipóteses foram propostas para responder a essas questões, incluindo uma sugestão recente de uma relação co-evolutiva entre seres humanos e plantas psicotrópicas.

De acordo com essa hipótese, os mamíferos, incluindo os seres humanos, desenvolveram adaptações para metabolizar substâncias vegetais psicotrópicas ao longo de milhões de anos.

Essas substâncias podem ter ajudado nossos ancestrais a enfrentar o estresse e compensar deficiências nutricionais, contribuindo para a sobrevivência e a adaptação ao longo da evolução.

O PAPEL RELIGIOSO E MÍSTICO DAS PLANTAS ALUCINOGENAS

Outra explicação amplamente difundida considera o aspecto religioso ou místico do uso de plantas alucinógenas.

Sendo assim, algumas civilizações associaram as alterações perceptuais induzidas por essas plantas a formas de contato espiritual, divindades ou poderes sagrados.

Por isso, muitos rituais surgiram com base no uso dessas plantas, contribuindo para sua manutenção ao longo do tempo por motivos culturais e religiosos.

Embora essas duas hipóteses abordem aspectos distintos – uma de natureza biológica e outra cultural -, elas não são necessariamente contraditórias e podem ter coexistido, possivelmente acompanhadas por uma série de outros fatores.

O RENASCIMENTO DO INTERESSE MODERNO

O que é inegável é a longa história do conhecimento humano sobre plantas alucinógenas.

Nos anos 60 e 70, houve um aumento significativo do interesse pelas plantas alucinógenas no Ocidente, em grande parte devido ao movimento de contracultura, que ganhava força entre os jovens da época.

Além disso, os livros do escritor e antropólogo Carlos Castañeda, como “A Erva do Diabo” e “Viagem a Ixtlan“, despertaram ainda mais curiosidade sobre o tema.

Nesses livros, principalmente no primeiro, o autor faz uma longa narrativa, descrevendo rituais realizados por um feiticeiro da etnia indígena Yaqui, do deserto mexicano. O qual utilizava espécies vegetais e um cogumelo como forma de enxergar o mundo e seus mistérios da forma como ele realmente seria.

Embora as experiências relatadas por Castañeda sejam objeto de controvérsia, a publicação de seus livros contribuiu para intensificar o interesse das pessoas pelas plantas alucinógenas e pelos mistérios que elas representam.

DIVERSIDADE GEOGRAFICA E CULTURAL DAS PLANTAS ALUCINOGENAS

Muitas substâncias alucinógenas são produzidas por plantas e fungos como parte de seus processos metabólicos, principalmente na forma de alcaloides.

De forma geral, são aquelas substâncias cujo nome termina no sufixo “ina”, tais como:

  • cocaína (presente em espécies vegetais, principalmente em Erythroxylon coca),
  • dimetiltriptamina (presente em vários gêneros vegetais, tais como Anadenanthera, Psychotria ou Mimosa, por exemplo),
  • cafeína,
  • teobromina e
  • teofilina

(as três últimas já mencionadas na Introdução ao Estudo de Plantas Estimulantes), entre outras substâncias também consideradas alcaloides.

É importante mencionar que embora a maioria dos compostos alucinógenos pertença a essa classe, nem todos os alcaloides têm propriedades alucinógenas e alguns podem variar entre estimulantes e alucinógenos dependendo da dose.

Essas plantas alucinógenas são mais comuns em climas tropicais e temperados, especialmente na América Central e Latina, onde existem mais de 90 espécies conhecidas por suas propriedades alucinógenas.

Essa abundância natural talvez explique a prevalência do uso dessas plantas, especialmente em comunidades indígenas e descendentes africanos, muitas vezes associadas a contextos religiosos e rituais.

Este texto busca fornecer informações sobre algumas dessas espécies, selecionadas com base na disponibilidade de informações científicas e no contexto de uso social e cultural.

Serão abordadas tanto espécies como maconha, Cannabis sp, e coca, Erythroxylon coca, associadas a proibições legais, bem como outras espécies associadas a um contexto cultural de uso mariri, Banisteriopsis caapi e chacrona, Psychotria viridisutilizadas em rituais como a ayahuasca.

Conclusão

Explorar o mundo das plantas alucinógenas é adentrar em um território vasto e multifacetado, onde convergem ciência, cultura, história e espiritualidade.

Ao longo dos tempos, essas plantas têm desafiado nossa compreensão da mente humana, oferecendo insights sobre sua natureza complexa e misteriosa.

Desde os primórdios da humanidade até os dias atuais, elas têm sido fonte de fascínio, debate e, às vezes, controvérsia.

As plantas alucinógenas não são apenas objetos de estudo científico, mas também elementos essenciais em muitas tradições culturais e rituais religiosos.

Elas nos lembram da profunda conexão entre o ser humano e o mundo natural, bem como da importância de abordagens holísticas para compreendermos a mente e o espírito.

À medida que continuamos a explorar essas plantas e suas propriedades, é crucial fazê-lo com respeito, cautela e consciência dos contextos históricos, culturais e legais que as envolvem.

Somente assim podemos apreciar plenamente sua riqueza e complexidade, enquanto trabalhamos para desvendar os mistérios da mente humana e da natureza que nos cerca.

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